terça-feira, 5 de janeiro de 2010

One minute, one life

Pede-se um minuto de silêncio. Alguém morreu, algo aconteceu. Luto, respeito.
Pensa-se na vida, o que somos, o que queremos, no que andamos aqui a fazer, na morte. Quem é esta pessoa que morreu? Esta vida que se perdeu? Quais eram os seus sonhos? Quais eram os seus amores? Não se sabe. Ninguém se preocupa com isso em vida.
Ouvem-se risos, de pessoas que não entendem, ou têm medo de entender, o que se está a passar, o que é que aquele silêncio significa. Um minuto, um minuto por uma vida? Muitos minutos teríamos de fazer, estaríamos sempre em silêncio.
Guerra, morte, desrespeito, violação, inveja, fúria, catástrofe, ódio. Tristeza, infelicidade. Pensamos em tudo o que é mau, e em todas as consequências que daí advêm. Pensamos que vamos aproveitar a vida, tão curta que ela é. Que vamos convidar a rapariga do café, que vamos telefonar ao pai há muito esquecido, que vamos pedir desculpa e desculpar algo ou alguém.
Quem é esta pessoa que morreu? Não sei. Mas era alguém.
Acaba-se o minuto, esquece-se tudo. A vida continua para os vivos.

Sem comentários: