Não voltes a dizer que
me amas! Que desrespeito esse com que me tratas… Tantos anos a fazer-te o
jantar e a ouvir-te ressonar para agora ouvir tão aborrecidas juras.
Guarda-as antes para a tua amante e fode-me a mim com o
desejo que lhe tens. Trata-me mal, arranha-me, chama-me os piores nomes que
conheces e que fariam as velhas vizinhas corarem e a tua mãe envergonhar-se,
mas não voltes a encostar os teus lábios aos meus se for para os tirares no
segundo seguinte.
Ah, que triste vida a minha, a de esposa amada… Quem me dera
a mim antes ser violada, arrebatada, penetrada, desrespeitada, explorada, mas
sentir alguma coisa! Ter o coração nas mãos por não saber se voltas ao final do
dia e despir-me para ti quando a tua paixão te obriga voltar.
Quero ser mulher, quero que ames o meu corpo e não os meus
livros, que queiras o meu sabor e não os meus cozinhados, que queiras estar dentro
de mim e não que as crianças cheguem a casa.
(Qualquer dia fujo com o homem do talho…)
Quem estou a tentar enganar, não vou a lado nenhum… Estou
presa a ti, seu homenzeco. Eu quero é ser a tua mulher, a tua serva, a tua
deusa, a tua puta. Acorda! Não quero um homem sensível que me pergunte se estou
a gostar, quero um homem que me rasgue a roupa e me faça gritar.
Quero uma vida em que queira acordar…