Cartas de amor… que mentirosas e falsas palavras que vagueiam
pela humanidade à procura de aprovação. Poéticas e belas podem lhes ser características,
mas que utópica ideia do amor, esta de que é a força das pessoas. Que triste e
ingénuo pensamento. Não há nada tão desumano quanto o célebre belo amor, que
revele tanto a nossa corrompida alma como o aclamado encantador amor. Esse
monstro que cria guerras de corações abertos a desejarem serem devorados, a
desesperarem por alguém que os comam, os consumam até à mais ínfima gota de
sangue, até não restar absolutamente mais nada que possa sentir a solidão que
não desaparece. Que o amor cantado romântico e navegador de mundos e tempos
infinitos seja crime, seja o pior dos pecados, seja proibido e seja censurado e
seja bem enterrado.
Se o amor tem de algo sincero é o ódio que faz levantar em
nós. Ah, essa terrível e no entanto acolhedora mãe, sempre de braços abertos
para nos receber quanto as cartas de amor não têm resposta e os nossos corações
estão despedaçados. Que nos vai apertando com uma força sufocante a alma, que
nos acalenta o sangue com um fervilhar insuportável, que nos cicatriza as
feridas com pus por dentro, que nos dá uma força comparável a vulcões numa
erupção destruidora. Que nos faz dizer aquilo que os nossos corações realmente
querem dizer, não essas belas palavras mas o que pura e simplesmente sentimos
dentro de nós, de forma nua e crua, sem romantismos que tapem o que quer que
seja.
Arrisco-me a dizer, não há amor tão verdadeiro quanto o
odioso, quanto aquele que nos faz desejar morrer e levar connosco a humanidade
de poetas que nos fizeram acreditar um dia ser felizes por amor. Aquele que não
finge ser altruísta à procura de alguém que o oiça, aquele que é gritado egoistamente
para quem quer e não quer ouvir. Para nós e para o nosso amor.
Abaixo o amor.
Que o meu morra agora, e me leve com ele.
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