terça-feira, 22 de abril de 2014

Diz-me.


Diz-me que estes brincos me ficam bem e que reconheces o esforço que faço para aos poucos mudar a imagem que tive durante anos e que nunca gostei. Que este casaco combina com as botas de salto alto que escolhi especialmente hoje para ficar mais alta, mais elegante por muito que os pés me ardam, só para que tenhas orgulho em estar ao meu lado na rua. Que esta camisa me faz parecer mais magra, quando a cada dia que passa aumenta a minha vontade de cortar pedaços do meu próprio corpo. E que as calças me caiem mesmo bem junto ao rabo. Diz-me que estou sexy e que me desejas, e olha para mim como se todos os meus comportamentos fossem os gestos mais sedutores de qualquer mulher que já tenha existido desde o início da humanidade. Mais do que isso, faz-me sentir uma deusa para ti. Faz-me inventar no teu olhar juras de desejo louco e ardente de quereres o meu corpo só para ti da maneira mais possessiva e dominante e fútil e física possível. Mais carnal, mais apaixonante, mais verdadeira. Mente-me. Podes mentir-me ao dizer isto tudo, mesmo sabendo que eu não vou acreditar, mesmo sabendo que vou dizer para parares com isso. Só quero ouvir essas palavras da tua boca, só quero sentir por um minuto que posso ser interessante para ti. Que talvez acredites no que dizes. Que se o disseres muitas vezes se torne real. Sou bonita. Sou atraente. Desejas-me. Diz mais uma vez, se fechar os olhos e os sentidos quase que consigo acreditar. Diz mais uma vez. Diz-me só mais uma vez.

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