domingo, 15 de janeiro de 2012

pés na terra, sonhos no céu

Arrogância desmesurada que têm estes humanos. A sua vida fazem achando-se inatingíveis e superiores a tudo – mesmo que não o pronunciem em voz alta, sabe-se lá quem os poderá ouvir.
Deuses!, intitulam-se, rodeados de comuns mortais comuns.

Até que algo os faz sair dos céus e ferirem-se na terra onde andam. E aí, apercebem-se que a perfeição só aos verdadeiros deuses pertence. A nós, apenas nos cabe aspira-la…
E assim, a uma velocidade ameaçadora, declinam do paraíso para o inferno da sua verdadeira condição. O inatingível é substituído por tristeza e a superioridade pela falta de coragem de sair do pequeno seguro espaço.

Mas mortalidades comuns à parte, é preciso continuar a sonhar, a sonhar alto, mesmo com o perigo de cair. Afinal, são os sonhos que movem, e mudam, o mundo. Nem que seja o nosso.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Definições castradoras

Pouca coisa há de mais livre que a tinta da caneta a marcar o papel à medida que a ideia já muito pensada se torna possível de expressão. Esquece-se o método determinado, as palavras certas, temas apropriados, o objectivo concreto. Afinal, para quem se escreve se não para nós, e porque se escreve se não por nós?
Egoísta pensar, mas escrever é a necessidade, a necessidade é escrever. Repito-me, é preciso libertar demónios, esse é o objectivo, não criar novos. O tema é a libertação da alma. As palavras bonitas são enganadoras da verdade, máscaras do sentimento. O método único é limitante na expressão dos pensamentos, obrigando à transformação destes em sensações que nunca o foram.
Sei-o bem, sei tudo isto. Porque insisto então em ser meu próprio inimigo? Escrevo porque preciso e ao escrever crio angústias para o ter de fazer. Mente complicada, ciclo frustrante. Mas volta-se a escrever, até se conseguir perceber.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

verdadeiro eu para outro alguém

Aquela ligação que tínhamos, da cumplicidade indescritível, do olhar que tinha por trás longas conversas e planos que não precisavam mais de ser ditos em voz alta. Os risos longos e tolos para quem nos rodeava, e mesmo tolos para nós, mas felizes. O chegar e procurar aquela cara conhecida, e não precisar de perguntar nada, sabendo tudo. Emoções e sentimentos tão fortes que se tornaram confusos em tempos, mas que nunca impediram este sentimento de família. De pertença. E agora, de saudade.
A necessidade de ter alguém ao lado para partilhar as piadas, as tristezas, as dúvidas e mesmo os comentários que não se devem de dizer em voz alta. De olhar lá do fundo e sentir que alguém nos percebe sem precisarmos de falar, de explicar. Necessidade de compreensão, ligação. De amizade.
Tempo, é sempre a solução. As ligações não se estabelecem com pressão. Mas a sensação de que Um dia esta será a minha pessoa, tarda em aparecer.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

multidões sozinhas

Necessidade louca esta de pertencer e ser reconhecido que os seres humanos têm, principalmente pelos corpos e essências em que se reveem e admiram. Querem igualmente sentir-se amados, entristecendo a alma quando a vontade de partilha e de desabafo se tornam cada vez maiores, acompanhadas de uma voz cada vez mais presa. Presa num mundo isolado, fundo, difícil de sair.
Se ao menos, houvesse uma força que puxasse…. Tempo, dizem. Confiança, digo eu. Engraçado, como pedem o mundo com a maior das naturalidades, e dificultam o quotidiano. Criticas desculpas de solidão, talvez. Apenas é preciso dois lados neste jogo de laços.