"Todos os dias são negados direitos humanos fundamentais em todas as partes do mundo. Em Portugal, ano de 2010, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é ainda negado pelo Estado. Mesmo sabendo que o casamento civil é a união entre duas pessoas que de livre vontade assumem a sua relação perante o Estado e a sociedade comprometendo-se uma com a outra a direitos e deveres, há ainda muitas pessoas que teimam em discriminar seres humanos, negando-lhes o acesso ao casamento.
As opiniões que levam a esta discriminação são dos mais variados tipos, mas tem em comum uma coisa: são todas um atentado à dignidade humana. Todas as opiniões que defendem a supremacia de um determinado grupo de pessoas com determinadas características, seja este grupo uma maioria ou não, tem por base o preconceito, a discriminação e o desrespeito por todos os seres humanos, inclusive por eles próprios.
Ao negarem o acesso ao casamento a casais de pessoas do mesmo sexo, estão a dizer a estas pessoas que são cidadãos de segunda. E é verdade que um homossexual é diferente de um heterossexual. Assim como um homem é diferente de uma mulher, um alto é diferente de um baixo, um loiro é diferente de um moreno. Mas ser diferente não significa ser desigual, não significa haver bons e maus. Demonstra apenas a grande diversidade dos seres humanos, e esta diversidade deve de ser vista com respeito. E o respeito pela diferença significa igualdade de direitos, significa não haver cidadãos de segunda nem de primeira, significa sermos todos diferentes mas todos iguais.
(...)
O Casamento é uma das instituições mais importantes da sociedade, sendo por isso o acesso a este um dos direitos mais importantes na sociedade. Desta forma, por o Casamento ser algo de tão grande e nobre valor, é inadmissível quererem dar outro nome à união entre duas pessoas do mesmo sexo. Esta atitude é discriminatória, por ter como base achar que o nome casamento não é digno para o contracto de união entre pessoas do mesmo sexo. Mais uma vez, os homossexuais são iguais aos heterossexuais, com a única diferença de amarem alguém do mesmo sexo. E este amor que une duas pessoas do mesmo sexo é tão digno de casamento como o que une duas pessoas de sexo diferente. Não se defendem mais direitos para os homossexuais, mas não se aceitam menos. Quer-se o casamento, com este nome, com tudo o que ele implica, para casais de pessoas do mesmo sexo, pois só assim é que há igualdade e respeito pelos direitos humanos.
(...)
E é urgente a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, assim como é prioritário todos os outros direitos humanos. Fala-se de direitos, de pessoas que são todos os dias discriminadas no trabalho, na escola, na família, no grupo de amigos. Pessoas essas que são nossos pais, nossos irmãos, nossos professores, nossos amigos. E legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo poderá não parecer importante - nenhuma luta pelos direitos humanos parece importante no tempo em que ela decorre - mas é. Assim como foi importante a luta pelo acesso ao casamento por pessoas de raças diferentes, assim como foi e é importante a luta pela igualdade das mulheres, assim como foi importante a luta contra o racismo. É urgente acabar com o apartheid social entre heterossexuais e homossexuais, para que possamos viver num mundo mais justo e igual. Para que estes tempos de discriminação possam ser ultrapassados. Para que possamos respirar um ar de igualdade de direitos. E para que possamos viver num mundo em que a dignidade humana é respeitada."
Sem comentários:
Enviar um comentário